HomePortugueseSarney Filho determina criação de grupo interministerial para tratar da aviação agrícola

Sarney Filho determina criação de grupo interministerial para tratar da aviação agrícola

Medida veio esta manhã, depois de encontro onde sindicato reclamou de excessos e contradições entre fiscalizações do Ibama e órgãos ambientais estaduais, gerando multas milionárias sem critério

O ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, aceitou criar um grupo de trabalho interministerial para debater um marco regulatório para a aviação agrícola. A decisão foi revelada na audiência da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR), na Câmara dos Deputados. A reunião da Comissão era para revisão dos critérios de cobrança da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental, mas o tema aviação agrícola foi levado pelo Sindag, devido à polêmica gerada pelas ações do Ibama nas forças-tarefa de fiscalização ocorridas entre outubro e novembro no RS, MS, MT e RS.

A participação do sindicato aeroagrícola no encontro foi intermediada pelo deputado gaúcho Jerônimo Goergen (PP) e a entidade foi representada no encontro pelo diretor Thiago Magalhães e pelo assessor jurídico Ricardo Vollbrecht. Thiago lembrou que o próprio Sindag tem manifestado apoio às fiscalizações, porém, a falta de critério, com sobreposição de competências e interpretações contraditórias entre órgãos licenciadores e fiscais do Ibama, acabou gerando excessos que, na avaliação de Magalhães prejudicam a própria credibilidade das ações.

CONTRADIÇÕES
Vollbrecht lembrou que o caso mais emblemático de contradição nas fiscalizações ocorreu no Paraná, onde os seis aviões lacrados, pertencentes a empresários aeroagrícolas, tiveram como justificativa dos fiscais do Ibama para a atitude a falta de uma licença estadual que simplesmente não é exigida pelo Estado, segundo o Instituto Ambiental do Paraná (IAP). E cuja isenção foi atestada pelo próprio IAP. Mesmo com o ofício do órgão estadual declarando a isenção apresentado no ato pelos empresários, os agentes federais interditaram os aviões dizendo que o órgão estadual deveria ter expedido o documento – com as mesmas informações e assinatura – em um formulário diferente.  E um dos empresários chegou a ser multado por isso em R$ 1,1 milhão.

A criação do grupo de trabalho foi sugerida por Goergen, considerando que o assunto já havia sido levantado em outubro, em uma conversa entre Sarney Filho e o presidente do Sindag, Júlio Kämpf. Na ocasião, as reclamações vieram do Rio Grande do Sul, onde produtores e operadores aeroagrícolas reclamaram não só da falta de critério entre os órgãos envolvidos na ação, mas principalmente da postura dos agentes do Ibama: como em uma batida policial, em grandes grupos, ostentando sus armas e tratando de maneira ríspida os produtores, operadores e funcionários.

Sarney Filho comentou nesta manhã que acreditava que o assunto já estivesse pacificado, já que o havia levado à Presidência do Ibama com a missão de resolver a questão. Como não, ele aceitou a sugestão de Goergen.  O ministro deu prazo de 20 dias para criação do grupo de trabalho, que deverá contar com representantes também dos ministérios da Agricultura e de Saúde, além do Ministério Público Federal.

LEGISLAÇÃO E COMPETÊNCIAS
A reclamação do setor primário gaúcho – que partiu também de entidades como Farsul, Federarroz e Irga – chegou a resultar em uma reunião no dia 30 de novembro, na sede da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema). O encontro foi coordenado pela titular da pasta, Ana Pelini, e pelo secretário estadual de agricultura, Ernani Polo que chamaram representantes do Ibama, Ministério Público Federal e Anac. Participaram da reunião também quatro deputados federais gaúchos: Luís Carlos Heinze (PP), Alceu Moreira (PMDB), Afonso Hamm (PP) e Jerônimo Goergen (PP).

Na ocasião, o Sindag chegou a propor que as licenças ambientais fossem emitidas pelos órgãos que as efetivamente fiscalizasse. O exemplo que motivou o posicionamento foi de uma das empresas autuadas, que recebeu do Ibama uma multa sobre a falta de licença do Estado sobre o pátio de descontaminação – um dispositivo de segurança que só a aviação agrícola tem.

O pátio estava em funcionamento e vinha sendo operado de maneira eficaz, mas sua licença final estava emperrada na Sema, onde a orientação era de que os fiscais tivessem bom senso. “Se é o Ibama quem vai fiscalizar, queremos que também seja ele a licenciar. Assim se evita orientações conflitantes e temos apenas um órgão do qual cobrar agilidade”, resumiu Kämpf, na ocasião.

A aviação é o único meio de tratamento de lavouras com legislação própria, São pelo menos 26 leis, decretos e regulamentos que incidem diretamente sobre o setor. Conforme a legislação federal, ó órgão responsável pelo seu controle e fiscalização da atividade é o Ministério da Agricultura – para onde todos os empresários aeroagrícolas enviam mensalmente os relatórios minuciosos de todas as operações feitas no campo – incluindo tipo de produto aplicado, condições atmosféricas, localização da lavoura, quantidade aplicada, etc. E, no caso dos aviões em si, a responsabilidade é da Anac.

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